Além de reajustar tarifa, Salvador precisa solucionar problemas do seu sistema de transporte
Por Emerson Pereira – Foto Portal ObMob
Atualmente, o valor da tarifa do transporte urbano na capital baiana é de R$ 4,90, em entrevista recente o prefeito sinalizou que o valor deve ser alterado após uma revisão tarifária. Desde que a informação foi amplamente divulgada pela imprensa local, os usuários dos ônibus soteropolitanos começaram a se queixar nas redes sociais e apontar deficiências na operação do sistema Integra. Por conta disso resolvemos fazer um levantamento dos principais pontos de questionamento, veja abaixo:
IDADE MÉDIA ALTA
O estado de conservação de parte da frota é uma das principais reclamações dos passageiros soteropolitanos, atualmente o sistema ainda mantem alguns veículos fabricados no ano de 2011, ativos e em plena operação 12 anos após a sua fabricação, entretanto, a má conservação não é uma exclusividade desses ônibus, vários coletivos fabricados em 2015 já apresentam um péssimo estado. Com as renovações anuais de 169 veículos, dificilmente o quadro será modificado a curto prazo.
SUPERLOTAÇÃO
Outro fator muito citado entre os passageiros é a superlotação do sistema, precisamos pontuar que superlotação não é uma exclusividade da capital baiana, porém diferente de outras capitais, Salvador ignora alternativas para combater o problema e isso incomoda os usuários, ônibus de maior porte não são utilizados pelo sistema soteropolitano enquanto outras capitais usam ônibus alongados de 15 metros, articulados e até bi articulados. A maneira que o passageiro é transportado pela cidade é ruim e esse aspecto precisa ser avaliado de maneira mais contundente pelos operadores do sistema.
LONGOS INTERVALOS
Outro problema dos ônibus soteropolitanos é o tempo de espera dos passageiros nos pontos da cidade, atualmente existe uma diferença significativa entre os sistemas troncais e alimentadores da capital baiana, enquanto o metrô e o BRT operam em intervalos médios de 5 minutos, a grande maioria das linhas alimentadoras desse modais operam em intervalos superiores a 20 minutos, essa situação incomoda os passageiros e gera uma sensação de ineficiência do transporte por ônibus.
DESESTRUTURAÇÃO DO INTEGRA
Desde a saída do Consórcio Salvador Norte (CSN), e o repasse das linhas da área Orla/Centro para os consórcios OT Trans e Plataforma, o sistema Integra vem passando por um nítido processo de desestruturação, algumas linhas importantes da CSN perderam destaque e padeceram com os novos operadores, o sistema que inicialmente foi dividido em três cores em referência as suas zonas operacionais foi totalmente descartado e precisa ser repensado antes que o sistema perca todo seu conceito.
PONTO POSITIVO
Apesar das reclamações e questionamentos, o sistema Integra fez uma importante introdução ao transporte urbano da capital baiana, os coletivos climatizados foram introduzidos ao sistema a partir de 2019, atualmente a cidade conta com aproximadamente 30% da frota composta por ônibus com ar-condicionado, um item importante para uma capital ensolarada como Salvador.
Opinião Buzu071
Diante de todo cenário político-econômico que envolve o transporte público da cidade, podemos dizer que um reajuste é inevitável, entretanto, o sistema Integra precisa evoluir em diversos aspectos, as renovações precisam ser mais agressivas e reduzir de fato a idade media da frota do sistema. A introdução de veículos maiores precisa ser avaliada, visando oferecer um ônibus mais adequado a demanda das linhas mais movimentadas da cidade. Os intervalos da maioria das linhas do sistema precisam ser reduzidos, principalmente aos finais de semanas. Com relação ao Integra, os responsáveis pelo sistema precisam voltar ao ano de 2014 e reavaliar o conceito de transporte que foi desenhado para o Integra, principalmente com relação a idade media da frota e a divisão das zonas operacionais dos operadores. Resumidamente a reclamação dos passageiros não é em relação ao preço em si, o grande questionamento é o serviço que é oferecido pelo “pacote Integra”.