A Introdução de Ônibus Elétricos em Salvador: Sustentabilidade ou Luxo Inviável?
Por Emerson Pereira – Foto Divulgação Eletra
A introdução de ônibus elétricos em sistemas de transporte urbano é uma tendência crescente no Brasil, e Salvador não é exceção. Embora os veículos recarregáveis representem uma alternativa mais sustentável, a realidade do sistema de transporte da capital baiana, que ainda carece de melhorias básicas, levanta questionamentos sobre a viabilidade e prioridade desse investimento.
Primeiramente, é importante esclarecer que a crítica não é contra o uso de ônibus elétricos em si. Pelo contrário, a adoção de tecnologias mais limpas é essencial para o futuro das cidades. No entanto, há aspectos ocultos desses veículos que muitas vezes não são discutidos. Atualmente, Salvador conta com oito ônibus elétricos operando no BRT. Esses veículos custaram três vezes mais que um ônibus convencional “Euro6” do Integra, ou o dobro do valor de um ônibus a diesel, de 13,2m do BRT. Para se ter uma ideia, o custo de um ônibus elétrico de 12 metros é similar ao de um ônibus articulado de 18 metros, que é muito mais funcional em um sistema frequentemente superlotado.
Diante disso, surge a reflexão sobre os rumos do investimento na infraestrutura de transporte da cidade. É evidente que os ônibus elétricos são uma solução a longo prazo, mas é crucial focar em problemas que precisam ser corrigidos imediatamente, especialmente em uma cidade como Salvador, onde o orçamento para o transporte público é limitado.
Apesar das dificuldades, a prefeitura tem buscado alternativas de ônibus maiores e elétricos. Recentemente, os operadores do BRT testaram um veículo elétrico trucado de 15 metros e agora iniciarão o teste de um ônibus superarticulado de 23 metros.
Por fim, fica a dúvida: o que seria melhor para a cidade? Ônibus maiores movidos a diesel, que podem atender à demanda imediata, ou ônibus elétricos, que são ecologicamente corretos, mas representam um investimento significativo em um sistema que ainda precisa de muitas melhorias básicas? A resposta não é simples e exige uma análise cuidadosa das prioridades e recursos disponíveis.