Em crise: Empresas de ônibus de Salvador estão sem dinheiro para pagar 13º dos rodoviários
Por Emerson Pereira – Foto Divulgação CCR Metrô Bahia
Nesta sexta-feira (3), o prefeito Bruno Reis declarou que as tentativas para conseguir subsídios federais e desonerar os custos dos sistemas de transportes para prefeituras não estão evoluindo, levando em conta a situação a transporte público cada vez mais complicada. “A única coisa que a gente ouviu de concreto (em Brasília) é que terão linhas de crédito para aquisição de ônibus com carência e juros mais subsidiados. É muito pouco”. Durante um evento no centro de convenções, Bruno Reis disse que a prefeitura está em negociações e deve ter que criar um subsídio para que os rodoviários recebam a primeira parcela do décimo terceiro salário no final do mês.
Em 2022, o governo federal fez um aporte nos sistemas de transporte publico nacional, com isso, a prefeitura repassou um montante de 31 milhões de reais para os operadores do sistema Integra e STEC, a verba amenizou a situação do transporte publico soteropolitano durante o período da pandemia, garantindo o equilíbrio financeiro dos sistemas conforme é previsto no contrato. Por conta da descontinuidade do aporte federal, agora existe uma discussão na gestão municipal sobre como lidar com o déficit do sistema. “Vai depender de aprovação legislativa para que a gente possa pagar o subsídio. Já que o governo federal não vai ajudar, a prefeitura vai ter que assumir mais essa responsabilidade”, retrucou o prefeito.
Bruno Reis também falou sobre o risco de greve de ônibus na semana que vem e disse acreditar na sensibilidade dos rodoviários. “Os rodoviários sabem as dificuldades das empresas, inclusive elas estão sem dinheiro para pagar a parcela do 13º no dia 20 de novembro. E toda vez que eles fecham a garagem, agrava mais essa crise porque diminui a receita de um sistema que já é deficitário”, disse o prefeito. “Hoje quando chega no final do mês, o que se apura de recursos fruto das passagens é insuficiente para pagar despesa com motorista, cobrador, combustível, manutenção dos ônibus. A crise é grave”, afirmou. “Chamo atenção dos rodoviários que querem garantir seus postos de trabalho que qualquer paralisação, fechamento mesmo temporário, piorou greve… Só vai agravar a situação”, finalizou o prefeito da capital baiana.
CENÁRIO DESAFIADOR
Com a tarifa de R$ 4,90, o transporte soteropolitano é alvo constante de reclamações entre os usuários. Desde a implantação do sistema Integra em 2015, o sistema coletivo pouco evoluiu ao longo de quase 9 anos, apesar do acréscimo do ar condicionado nos ônibus comprados a partir de 2019, os coletivos usados na cidade seguem um padrão extremamente básico, o que compromete o conforto dos passageiros; com dificuldades de renovação durante a pandemia, a idade média da frota também é acima do esperado, atualmente existem um número expressivo de ônibus com mais de 11 anos de fabricação em circulação pelo sistema Integra; por fim, a superlotação ainda é uma realidade nos ônibus da cidade, diferente de outras grandes cidades brasileiras, o sistema Integra ignora o uso de ônibus de grande porte nas linhas mais movimentadas, diante disso, não é difícil observar ônibus lotados durante boa parte do dia. Em 2021 um dos consórcios formadores do sistema Integra foi descredenciado, a saída do Consórcio Salvador Norte (CSN) sem a introdução de um substituto afetou drasticamente o transporte urbano de toda cidade.