Transporte público

Integra: uma década de avanços, desafios e controvérsias no transporte da capital baiana

Por Emerson Pereira – Foto Divulgação PMS

No dia 22 de abril, o sistema Integra completou 10 anos de operação na capital baiana, marcado pela promessa de reorganizar o transporte coletivo e oferecer maior eficiência aos passageiros soteropolitanos. O novo sistema convencional surgiu para substituir o modelo antigo, que contava com 18 empresas independentes, com a divisão das linhas em três bacias operacionais: Orla-Centro, Miolo e Subúrbio Ferroviário/Cidade Baixa. Três consórcios — Salvador Norte (CSN), OT Trans e Plataforma — assumiram as operações após um processo licitatório realizado pela prefeitura de Salvador.

A formação dos consórcios agrupou empresas tradicionais, que já operavam na cidade. O Salvador Norte reuniu integrantes da extinta empresa Vibemsa, como Rio Vermelho, Verdemar, Ondina/Central e BTU; o OT Trans consolidou empresas de grupos mais independentes como Expresso Vitória, São Cristóvão/Modelo, Vitral, União e Transol; já o Plataforma juntou nomes ligados ao Grupo Evangelista, como Praia Grande, Joevanza, Boa Viagem e Axé. A Capital/Tropical foi a única empresa que operava na cidade e não se associou a nenhum dos grupos e saiu definitivamente do sistema.

Em dezembro de 2014, com chegada dos primeiros ônibus, o então prefeito ACM Neto apresentou a nova frota, que destacava padronização visual e cores diferenciadas para cada consórcio — azul (CSN), verde (OT Trans) e amarelo (Plataforma). Essa medida ajudava os usuários a identificar os ônibus conforme as regiões atendidas. Contudo, a saída do Consórcio Salvador Norte em 2021 levou ao abandono do esquema de cores, prejudicando parte da associação visual criada pelos passageiros.

Ao longo dos anos, marcos importantes moldaram o sistema Integra, como a reestruturação das linhas em 2017 e a chegada dos primeiros ônibus com ar-condicionado em 2019. Em 2023, foram integrados veículos com tecnologia Euro6, menos poluentes. Por outro lado, problemas como a retirada dos códigos traseiros, que facilitavam a identificação de linhas pelos passageiros, geraram críticas. A intervenção no CSN em 2020 e sua rescisão contratual em 2021 também sinalizam instabilidades na gestão.

Apesar dos avanços iniciais, o sistema Integra ainda enfrenta críticas quanto a problemas históricos do transporte coletivo de Salvador. Superlotação, intervalos inadequados entre os ônibus e falta de conforto persistem, comprometendo a experiência dos usuários nos ônibus da cidade. A ausência de ônibus de maior capacidade, como os trucados e articulados, em suas linhas movimentadas é outro ponto de insatisfação. As promessas de integração eficiente, mais conforto e organização parecem ainda distantes de uma realidade ideal para os passageiros.

Com 10 anos de história, o Integra deixa claro que modernizar o transporte público não se resume a mudanças estruturais e estéticas. É necessário um compromisso contínuo com melhorias práticas que atendam às necessidades dos cidadãos e tornem o sistema de transporte convencional mais funcional, confortável e inclusivo para todos.

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